Atenção: este texto contém spoilers sobre o filme.
Quando, às 2h17 da madrugada, 17 crianças de uma mesma turma simplesmente saem de suas camas, deixam suas casas e desaparecem na escuridão, a pequena cidade de Maybrook entra em colapso. Em poucas horas, o que antes era uma comunidade pacata se transforma em um redemoinho de medo, luto e desconfiança. É dessa premissa inquietante que nasce A Hora do Mal (Weapons, no título original), segundo longa de Zach Cregger, diretor e roteirista de Barbarian.
Narrado a partir de seis pontos de vista diferentes — incluindo a professora Justine Gandy (Julia Garner), o pai atormentado Archer Graff (Josh Brolin) e o policial problemático Paul Morgan (Alden Ehrenreich) —, o filme costura, aos poucos, o mistério do sumiço das crianças. Tudo culmina num terceiro ato intenso, que entrega respostas perturbadoras e um clímax que promete ficar na cabeça do público por muito tempo.
A produção já chegou aos cinemas cercada de expectativas. Com aprovação quase unânime no Rotten Tomatoes e projeção de mais de US$ 25 milhões no fim de semana de estreia, A Hora do Mal já nasceu como um evento. O burburinho começou ainda em 2023, quando veio à tona que Jordan Peele perdeu uma disputa milionária para produzir o filme. A New Line Cinema pagou US$ 38 milhões pelos direitos — cerca de US$ 7 milhões acima da oferta da Monkeypaw, produtora de Peele. A negociação foi tão acirrada que, segundo rumores, teria contribuído para mudanças na equipe de Peele.
No entanto, nada disso superou o choque do público com o que Cregger preparou para o último ato.
O que aconteceu com as crianças desaparecidas?

A primeira pista surge ainda na perspectiva de Justine, quando ela percebe que algo estranho se passa na casa de Alex (Cary Christopher), o único aluno que não desapareceu. Os pais do garoto estão imóveis, como se estivessem em transe.
Quando o diretor da escola, Andrew Marcus (Benedict Wong), tenta investigar, ele se depara com “Tia Gladys” (Amy Madigan) — uma figura sinistra e caricatural que já havia aparecido em vislumbres assustadores. Logo, descobrimos que Gladys não é apenas uma idosa excêntrica, mas uma espécie de bruxa que usa um ritual macabro: um galho espinhoso, um fio de cabelo e um corte profundo na própria mão, tudo para criar um vínculo de controle absoluto sobre suas vítimas.
Assim, ela transforma Marcus em um assassino violento, persegue Justine e revela seu verdadeiro plano: forçar Alex a reunir todos os nomes das crianças da classe para atraí-las até sua casa e mantê-las presas no porão. O motivo? Prolongar a própria vida, alimentando-se lentamente da energia vital daqueles sob seu feitiço.
A batalha final acontece quando Archer e Justine chegam para resgatar as crianças. Alex, no entanto, é quem muda o jogo, usando o mesmo feitiço contra Gladys. Os colegas hipnotizados se voltam contra a bruxa e a despedaçam sem piedade. No epílogo, as crianças retornam para casa; algumas voltam a falar depois de dois anos, mas os pais de Alex nunca se recuperam.
O que Zach Cregger queria dizer com A Hora do Mal?
Apesar das teorias, o diretor já afirmou que não buscava fazer alegorias sociais nem comentários sobre tragédias coletivas. O roteiro nasceu de um momento pessoal doloroso: a morte súbita de um amigo próximo. Segundo ele, escrever foi um processo de luto.
O título, propositalmente ambíguo, pode ser interpretado de várias formas — desde a ideia de que pessoas podem ser “armas” nas mãos de outros, até a noção de que o verdadeiro terror está no potencial humano de ser manipulado.
Assista ao trailer dublado: